FORMAÇÃO EM ELABORAÇÃO DE PROJETOS FORTALECE A AUTONOMIA DOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS DA OPIRJ
Entre os dias 24 e 27 de agosto de 2025, a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) realizou a Formação em Elaboração de Projetos, por meio do Projeto Gestão Territorial, com o objetivo de fortalecer os territórios indígenas e ampliar a autonomia das associações em seus trabalhos e iniciativas locais. A atividade reuniu 94 participantes, representantes de 15 Terras Indígenas de base da OPIRJ.
A formação contou com a presença de lideranças, representantes comunitários e jovens lideranças que haviam participado anteriormente da Formação em Informática, realizada na semana anterior, compondo assim uma continuidade pedagógica entre os dois cursos. “Essas formações fazem parte de um mesmo processo de fortalecimento institucional. A de informática e a de elaboração de projetos se complementam e contribuem para a autonomia das associações e a gestão territorial”, destacou Francisco Piyãko, coordenador da OPIRJ.
PROCESSO DE CONTRATAÇÃO E METODOLOGIA
A formação foi realizada pelo Instituto Fronteiras, selecionado após processo público de contratação, conforme o Termo de Referência 003/2025, publicado em 28 de maio de 2025. A escolha da instituição levou em conta critérios técnicos como proposta pedagógica, metodologia e experiência comprovada na área de formação comunitária e gestão territorial.
O plano de trabalho da consultoria foi estruturado em três módulos, com atividades presenciais e remotas, totalizando 246 horas de formação. A proposta pedagógica se baseou nos princípios “pensar, sentir e agir”, promovendo um processo formativo participativo, vivencial e adaptado à realidade dos territórios indígenas.
MÓDULO PRESENCIAL: 32 HORAS DE FORMAÇÃO INTENSIVA
A oficina presencial teve carga horária total de 32 horas, sendo conduzida por dois educadores com o apoio de quatro técnicos, e contou com a participação de até 94 pessoas. Os dias da oficina foram estruturados em três grandes momentos: pensar, sentir e agir, com uma metodologia dinâmica que integrou plenárias, trabalhos em grupo, partilhas e dinâmicas.
Esse encontro presencial foi fundamental para fortalecer a conexão do grupo, aprofundar as problemáticas enfrentadas nos territórios relacionadas à elaboração de projetos, captação de recursos e gestão, além de servir como preparação para o trabalho remoto, com a definição de acordos e encaminhamentos coletivos.
ESTRUTURA DA OFICINA PRESENCIAL
- Dia 1 – Estrutura organizacional das associações
- Diferença entre papéis do Estado, empresas e associações
- Estrutura organizacional e papéis em uma associação
- Problemas enfrentados pelas associações locais
- Possíveis caminhos para soluções
- Dia 2 – Entendendo projetos e editais
- Tipos de contratos
- Diversidade de editais e suas exigências
- Metodologia de leitura interativa e organização de editais
- Importância da narrativa dos projetos
- Apoio de tecnologias para escrita de projetos
- Dia 3 – Entendendo orçamentos
- Cuidados com contratos
- Metodologia rápida de construção de orçamentos
- Organização de planilhas e levantamento de preços
- Gestão e organização dos gastos para relatórios financeiros
- Dia 4 – Consolidação da aprendizagem e preparação para o remoto
- Retomada dos aprendizados dos dias anteriores
- Apresentação dos trabalhos em grupo
- Preparação para o módulo remoto
Durante a oficina, cada grupo iniciou a redação de um esboço de projeto, com acompanhamento e apoio da equipe técnica.
Ao final, foi entregue um kit de apoio, contendo modelo de projeto, glossário, dicas de escrita e agenda de assessoramento remoto.

Atividade em grupo dividida por territórios para elaboração da metodologia de um escopo de projeto, considerando a realidade de cada território.
MÓDULO DE ACOMPANHAMENTO TÉCNICO À DISTÂNCIA
Após a oficina, os grupos territoriais continuam com o desenvolvimento de seus projetos com apoio remoto de uma equipe de coordenação e mentoria, via WhatsApp, videochamadas e e-mail. O processo de aprendizagem remota está acontecendo por meio de aulas semanais e encontros de mentoria com o grupo da terra indígena atendida pela OPRIJ. Temos três mentores disponíveis que acompanham os territórios e auxiliam no desenvolvimento das propostas. Cada mentor é responsável por 5 (cinco) territórios/propostas. O auxílio acontece por meio de conversas de WhatsApp e reuniões online, de acordo com a necessidade de cada território. Os mentores tem a responsabilidade de definir cronograma de entregas e dar retorno para o grupo, assim como monitorar as entregas e cumprimento de prazos. Todas as atividades são avaliadas pelos mentores para fins de aprimoramento do projeto, tanto na parte narrativa quanto na financeira. Prevemos a dedicação de 10 horas semanais para os e as aprendizes por 2 meses, com 4 horas síncronas/ mês e interações via WhatsApp. Esta fase busca consolidar o aprendizado, adaptar os projetos aos modelos reais de editais e preparar os documentos finais para os projetos narrativos e financeiros. Ao final da formação, cada grupo entregará uma proposta de projeto completa (descritiva e orçamentária), estruturada de forma a atender exigências comuns de editais públicos ou privados.
A formação EAD em informática está sendo organizada para termos uma interação por semana de 1 hora de formação síncrona, com todo o grupo, e 1 hora síncrona de esclarecimento de dúvidas com os mentores. Os aprendizes estão divididos em 3 grupos de 15 pessoas cada, e cada grupo está sendo assessorado por um mentor. Os mentores tem 2 horas semanais de preparação para aulas e tira-dúvidas de maneira assíncrona. Os aprendizes tem atividades síncronas e assíncronas para desenvolver tanto no âmbito do projeto como no curso de informática.
CARGA HORÁRIA E FORMATO DAS FORMAÇÕES
Estão sendo dedicadas 4 horas semanais (totalizando 64 horas em 4 meses) para o Curso de Informática, e, para o Curso de Desenvolvimento de Projetos, 10 horas semanais (total de 80 horas em 2 meses).
Nas atividades síncronas remotas, o(a) aprendiz deve estar disponível para o Curso de Informática por pelo menos 2 horas semanais (somando 32 horas em 4 meses) e para o Curso de Desenvolvimento de Projetos, 1 hora a cada 15 dias (totalizando 4 horas em 2 meses).

Divisão do primeiro grupo para mentoria e acompanhamento das aulas e atividades, sob responsabilidade de Carla Moura, integrante da equipe técnica contratada.

Divisão do segundo grupo para mentoria e acompanhamento das aulas e atividades, sob responsabilidade de Allan Gomes, integrante da equipe técnica contratada.

Divisão do terceiro grupo para mentoria e acompanhamento das aulas e atividades, sob responsabilidade de Jéssica Botelho, integrante da equipe técnica contratada.
OFICINA DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS – PRESENCIAL (32 HORAS)
A equipe técnica da OPIRJ, sob a condução de Danieli Jatobá e Caroline Puyanawa, esteve presente desde o acompanhamento logístico e organizacional das indicações de cada território. A diretoria da OPIRJ, representada pelo coordenador Francisco Piyãko, pela secretária Eliane Yawanawa e pelo tesoureiro Luiz Nukini, também acompanhou o andamento da formação, contribuindo com suas experiências e diálogos com os territórios.
A equipe da OPIRJ definiu os seguintes critérios para a indicação dos participantes:
- Indicar pessoas com capacidade de falar, representar e idealizar projetos em nome de sua comunidade;
- Ter disponibilidade para participar da atividade presencial entre os dias 24 e 27 de agosto de 2025, em Cruzeiro do Sul;
- Garantir a participação de homens e mulheres;
- Assegurar a presença de lideranças de frente nos territórios.
Enquanto o público do Curso de Informática foi majoritariamente composto por jovens, a Formação em Elaboração de Projetos reuniu lideranças e pessoas com experiência, profundo conhecimento da história e do território. Foram os “cabeças” das Terras Indígenas, aqueles que se dedicam aos trabalhos comunitários, reuniões, eventos e projetos, e conhecem de perto as demandas de suas comunidades.
A proposta foi que a construção dos projetos com definição de temas, objetivos, mapeamento de demandas e reflexões fosse conduzida, em grupos de trabalho, por essas lideranças mais experientes. De forma complementar, os participantes da primeira etapa (Curso de Informática) puderam contribuir com a escrita e sistematização das informações, aprendendo a formular projetos a partir da escuta e do diálogo com os mais experientes.

Delegação de jovens do Povo Jaminawa do Igarapé Preto, sob a condução de Dona Esmeralda, Cacique e liderança representante do Povo Jaminawa Arara do Igarapé Preto.
Essa sugestão metodológica foi proposta pela Diretoria da OPIRJ, tanto por Francisco Piyãko – Coordenador quanto por Luiz Nukini – Tesoureiro. Ela reflete, sobretudo, estratégias de produção e transmissão de conhecimentos tradicionais – em que os jovens devem aprender com os mais velhos. Os mais velhos são as fontes de sabedoria, conhecimento e memória. Os jovens devem seguir, ouvir e acompanhar para aprender. Promover essa oportunidade, no âmbito de uma formação, também respeita valores que são tradicionais e compartilhados por diferentes povos da região, ao mesmo tempo em que se aprende novas ferramentas, tecnologias e metodologias de construção de ideias de futuro.
Esse intercâmbio de saberes e experiências representou não apenas um momento de aprendizado técnico, mas também um exercício de valorização dos conhecimentos tradicionais e da organização comunitária, princípios fundamentais da OPIRJ.
Com essa formação, a OPIRJ reafirma seu compromisso com o fortalecimento institucional, a autonomia dos povos indígenas e a construção coletiva de caminhos sustentáveis para a gestão territorial.
Assista agora o curta com os melhores momentos desta formação: https://www.instagram.com/reel/DNzLSp1WnY9/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
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