Formação em Informática fortalece a autonomia digital nos territórios indígenas da OPIRJ
A Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), por meio do Projeto Gestão Territorial, financiado pelo Fundo Amazônia, realizou entre os dias 19 e 22 de agosto de 2025 a Formação em Informática, reunindo 49 participantes de 13 territórios indígenas de base da organização.
A atividade integra o eixo de Fortalecimento Institucional do projeto, que tem como objetivo preparar principalmente a juventude indígena para apoiar suas associações e contribuir de forma ativa na gestão e proteção de seus territórios.

Participantes da Formação em Informática durante as aulas presenciais realizadas no Laboratório de Informática da Universidade Federal do Acre (Campus Floresta).
Processo de contratação
O Termo de Referência nº 002/2025, referente à contratação da instituição responsável pela realização da formação, foi publicado em 28 de maio de 2025 nas plataformas digitais da OPIRJ — site, Instagram e grupos de WhatsApp. Com o objetivo de garantir ampla concorrência e maior número de propostas, foi publicada em 13 de junho de 2025 uma alteração de prazo, estendendo o recebimento das propostas até 20 de junho de 2025.
https://opirj.org/trabalhe-com-a-gente/
https://www.instagram.com/reel/DKfS-j3xFtB/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
Após a análise documental e técnica das propostas recebidas, a Ata de Análise e Julgamento foi publicada em 11 de junho de 2025, indicando o Instituto Fronteiras como a instituição selecionada. A escolha considerou critérios como qualificação técnica, experiência pedagógica, proposta metodológica e compatibilidade orçamentária.
Planejamento pedagógico
Dada a diversidade cultural e linguística dos povos indígenas da base da OPIRJ, o acompanhamento pedagógico da formação foi realizado pela antropóloga Danielli Jatobá, Coordenadora de Comunicação da OPIRJ, em diálogo com os consultores do Instituto Fronteiras.
O plano de trabalho da formação foi elaborado conforme as necessidades previamente levantadas junto aos territórios, e estruturado em três módulos:
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Oficina presencial – 32 horas;
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Formação a distância (EAD) – 64 horas;
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Oficina de conclusão presencial – 4 horas.
Mobilização e seleção dos participantes
Com o intuito de assegurar a participação representativa e equitativa entre os territórios, no dia 6 de agosto de 2025 a OPIRJ realizou uma reunião geral on-line com representantes de base, apresentando os conteúdos do curso, seus objetivos e os critérios de indicação dos participantes.
Os critérios definidos foram:
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Saber ler e escrever;
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Ter interesse em utilizar o computador para apoiar atividades comunitárias e institucionais;
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Ter acesso à internet na comunidade para participar das aulas on-line;
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Ter disponibilidade para participar do curso de elaboração de projetos;
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Ter disponibilidade para a etapa presencial em Cruzeiro do Sul;
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Garantir a participação de homens e mulheres;
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Priorizar a presença dos agentes de campo do Projeto Gestão Territorial.
A equipe de comunicação da OPIRJ, composta por Danielli Jatobá e Caroline Puyanawa, realizou o acompanhamento direto via WhatsApp, auxiliando na organização das listas, esclarecimento de dúvidas, coleta de documentação e apoio logístico.
Desafios e escolha do local
Durante o planejamento, uma das principais dificuldades encontradas foi a disponibilidade de um laboratório de informática que comportasse o número de participantes provenientes dos territórios.
Foram avaliados espaços do Instituto Federal do Acre (IFAC), da Escola Municipal de Informática de Cruzeiro do Sul e do SENAC.
Após visitas técnicas, constatou-se que o IFAC não possuía disponibilidade de salas com número suficiente de computadores, a Escola Municipal necessitava de manutenção e melhorias na rede de internet, e o SENAC não respondeu em tempo hábil à solicitação de cessão de espaço.
Diante dessas limitações, e após diálogo com o Instituto Fronteiras e a Universidade Federal do Acre (UFAC), definiu-se que as atividades presenciais ocorreriam em duas salas de laboratório da UFAC, em Cruzeiro do Sul, que apresentavam a melhor infraestrutura disponível.

As aulas de Informática do Projeto Gestão Territorial da OPIRJ foram realizadas no Laboratório de Informática da Universidade Federal do Acre (Campus Floresta), proporcionando aos participantes um ambiente adequado para o aprendizado prático e o uso direto das ferramentas digitais.
Execução da oficina presencial
As atividades foram realizadas nos laboratórios da Universidade Federal do Acre (UFAC), e os participantes ficaram hospedados no Centro Diocesano de Treinamento, que ofereceu alimentação e espaço de convivência. O deslocamento diário entre o alojamento e a universidade foi realizado por meio de transporte contratado pela OPIRJ.
Durante os quatro dias de curso, os participantes desenvolveram atividades práticas voltadas para o uso cotidiano da informática, com ênfase em:
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Redação de correspondências e e-mails institucionais;
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Organização de planilhas financeiras e relatórios;
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Criação de apresentações em PowerPoint e materiais visuais no Canva;
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Participação em reuniões virtuais;
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Acesso a plataformas como Google Maps, Gov.br e EAD para gestão comunitária e elaboração de projetos.
A formação foi conduzida de forma interativa e contextualizada, respeitando os diferentes níveis de conhecimento e adaptando os conteúdos à realidade dos territórios.
Continuidade e autonomia digital
Após a oficina presencial, os participantes deram início à etapa de formação a distância, com acompanhamento pedagógico contínuo.
Essa fase inclui exercícios práticos que permitem aplicar as ferramentas digitais em situações reais das comunidades, como elaboração de relatórios, registros administrativos e gestão de informações territoriais.
Ao término da formação presencial, cada território indígena contemplado recebeu um computador doado pela OPIRJ, a ser utilizado de forma coletiva, visando fortalecer a autonomia digital e a gestão comunitária das associações locais.
Voz dos participantes
O jovem Julio Shawãdawa, da Terra Indígena Arara do Igarapé Humaitá, destacou a importância da formação para os jovens indígenas:
“Sou muito grato por essa experiência. Aprendemos algo que antes era distante de nós. Hoje, com esse conhecimento, podemos escrever nossos próprios projetos e fortalecer o nosso povo. A OPIRJ abriu portas para nós, jovens indígenas, e isso é muito importante, porque agora podemos caminhar com autonomia e ajudar nossas comunidades.”
Assista agora ao curta com os principais momentos desse encontro marcante: https://www.instagram.com/reel/DNwMz_uZBYR/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==





